José Henrique do Álamo Oliveira partiu.

06-JUL-2025

José Henrique do Álamo Oliveira partiu.
José Henrique do Álamo Oliveira partiu.
Filho do Raminho, dos quatro costados, nunca deixou verdadeiramente a sua freguesia. Estudou no Seminário, foi enviado para a guerra colonial, morou em Angra muitos anos. Mas era no Raminho que os milhos cresciam. E ele gostava de os ouvir crescer.
Tornou-se, ao longo dos anos, um nome incontornável da literatura açoriana e da diáspora. Escreveu a vida em verso e em prosa, num conjunto de obras notável, que viu traduzido noutras línguas. Fundou grupos de teatro, dedicou-se de alma e coração às marchas de S. João, aos bailinhos de Carnaval, aos cânticos de igreja. Era tão multifacetado que seria impossível descrevê-lo. Desenhava bordados com a mesma delicadeza que ornamentava a igreja. Recebia um prémio ou distinção com a mesma simplicidade com que nos recebia em sua casa.
Partiu um raminhense que amou o Raminho. Que honrou a sua terra, criando riqueza cultural, beleza e afetos por onde passou. Que legou à biblioteca da freguesia, que tem o seu nome, o seu espólio literário, vasto e valioso. Um homem igual a todos no trato e na convivência, mas tão diferente e especial no alcance da sua vida.
Partiu, sobretudo, o Poeta. Que era o que mais o Álamo gostava de ser. Mas os versos, por natureza eternos, perpetuarão a sua voz. Entre nós, os que ficámos, enquanto um de nós viver, certamente o Poeta não há de morrer.
«sentado à porta da morte o poeta ouve
o halo esquisito da eternidade. (…)
sentado à porta da morte um dia
- quem sabe? - ainda vai tomar juízo.»
«Poemas vadios», Álamo Oliveira
A Junta de Freguesia do Raminho decreta, por ocasião da morte de Álamo Oliveira, três dia de luto na mesma freguesia.
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